terça-feira, 1 de abril de 2008

O que ensinar a nossos filhos?


Ontem foi colocado no Blog do Desabafo de Mãe uma questão interessante por uma mãe: devemos alimentar a fantasia dos nossos filhos em relação ao Coelhinho da Páscoa ou Papai Noel?

A Ceila, uma das autoras do blog, colocou a questão em pauta, perguntando qual era a nossa opinião sobre o assunto.

"Certo ou errado? Verdade ou Mentira? Será mesmo que essa dicotomia faz parte do mundo da fantasia e da inocência infantil? Ou essa dualidade faz parte da formação das nossas crianças?" (Parte do texto publicado no blog)

Segue meu comentário ao post dela:

Não sei até que ponto a fantasia faz bem às crianças.

Meu filho ontem me disse: "Eu queria voar!" e eu disse que nenhuma pessoa consegue voar sozinha, só nos desenhos. Ele também tem medo do bicho-papão, por causa de uma propaganda do Cartoon Network, apesar de eu NUNCA ter sequer mencionado o bicho-papão a ele. Eu simplesmente digo: "Não precisa ter medo, o bicho-papão NÃO existe!" Quando ele era pequeno, adorava o Scooby-Doo, mas morria de medo dos monstros e fantasmas que ele perseguia. Eu dizia para ele: "Monstro não existe, é um titio que usa uma máscara". Assim, ele não tinha mais medo. Quando chegou a época de entender sobre o Natal, eu continuei dizendo a mesma frase, só que adaptada: "Papai Noel não existe, é um titio que usa uma máscara".

Eu comparo dizer que Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente existem com dizer que Deus existe. Se
Papai Noel não existe, mas mamãe disse que existia e era mentira, então Deus não existe e mamãe também me mentiu, dizendo que existia. Esse é o raciocínio que eu uso.

Certa vez, li na parede da universidade que eu estudava: "Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Deus são crenças de otário". Eu quero que me filho saiba que Deus existe (pois essa é minha crença) e penso que ele é mais importante do que o Papai Noel no Natal.
Por que não ensinar a verdade a nossos filhos?

Natal = Comemora-se o nascimento de Jesus
Páscoa = Comemora-se a ressurreição de Jesus


Papai Noel e Coelhinho da Páscoa foram incorporados à tradição e muita gente esquece o verdadeiro
significado das datas.

Antigamente, se ensinava às crianças que os bebês eram trazidos pela cegonha ou nasciam em repolhos. Essa fantasia fazia bem às crianças?

Li uma vez o relato de uma mãe que contou a verdade sobre o nascimento do filho e depois o amiguinho lhe disse que eram as cegonhas que traziam os bebês. Resultado: O filho acreditou no amiguinho e nunca mais confiou na mãe, que contou a verdade.


Eu prefiro dizer a verdade.


Em resposta a meu comentário, a Ceila me convidou a fazer um desabafo no site Desabafo de Mãe, como segue abaixo:

Oi Carla,
gostei muito da sua opinião contrária a minha e, por isso, gostaria de lhe pedir um desabafo para site sobre este tema, topa?

Já enviei meu desabafo para o site e fiz algumas modificações no texto acima. Você pode ler aqui.

Eu não acredito em Papai Noel, nem Coelhinho da Páscoa, nem Fada do Dente, nem Bicho-Papão e ensino meus filhos que eles não existem.

O que você acha? O que você ensina a seus filhos? No que você acredita?

5 comentários:

Cristiane A. Fetter disse...

Eu ensino, gosto de que ele viva este mundo fantasioso, e acredito que a transição de mostrar que isto faz parte de um mundo imaginário não é difícil.

Beijocas

Anônimo disse...

Oi Carla, vou deixar que o meu acredite em Papai Noel e Coelhinho até chegar a idade em que ele mesmo já entenderá o porquê desses ícones. A vida pode ser uma mistura equilibrada de fantasia e realidade. Por isso mesmo não deixo q ele assista ao noticiário na TV. Ele não tem maturidade pra entender o que se passa. Eu não falo de Deus e religião com meu filho porque não tenho crença nenhuma, então não associo datas com celebrações religiosas. Mas faço questão de ensinar que somos todos iguais, que não maltratamos pessoas, animais e plantas. Não encorajo que ele sinta medo e tb digo que fantasmas e monstros não existem e acho q essa parte ele já entendeu.
Enfim, deixo q ele exerça sua criatividade e imaginação da maneira mais positiva possível : )

bjs

Cristiana Soares disse...

Oi Carla!

Obrigada pela visita e pelos comentários! Adorei!

Olha, eu nunca influenciei muito nem a favor nem contra essas "fantasias sociais" nas minhas filhas.

Um dia minha filha Lorena, ainda bem pequena, me perguntou: "Mãe, Deus existe?". Eu respondi: "Não sei filha. Alguns dizem que sim, outros que não."

Apesar de ser agnóstica, não impus para ela meu posicionamento perante essa questão.

O que eu ensinei a ela nesse momento foi que às vezes a gente não sabe. Nem quando se é adulto e mãe. Então a gente convive com a dúvida, a ignorância, o paradoxo, a angústia existencial. Que isso faz parte da vida.

Simples assim.

Cristiana Soares disse...

Relendo meu comentário, percebi que o agnosticismo nada mais é do que isso.

Ciça Donner disse...

O problema é que eu acredito em Papai Noel, Coelinho da Páscoa, Boi Tatá, Mula sem cabeça, curupira, Deus, Jesus, Maria e José... Eles foram colocados dentro de mim a muitos anos pl minha mae. E apesar de hoje eles terem outro significado, me fez bem te-los como so tive na infancia. Minha mae pode ter mentido na sua visao, mas nao deixei de ama-la e isso de forma alguma me fez mal algum dia.

Johan acreditou em tudo isso e desacreditou em um processo gradual conforme foi crescendo. Vou perguntar pra ele se minha mentira lhe fez algum mal