quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mulheres desafiam médicos e aguentam a dor para dar à luz em casa

Elas dispensam tecnologia e anestesia para parir no conforto do lar.

Se você tivesse duas opções: sentir dor ou não sentir dor, qual escolheria? Um grupo de mulheres não tem dúvida: não ligam de sentir dor, quando ela compensa. São mães que abriram mão dos confortos da medicina moderna e tiveram seus filhos “à moda antiga”: em casa. A prática ganha cada vez mais adeptas, mas não têm o apoio de boa parte dos médicos.

“Fiquei 45 horas em trabalho de parto e oito horas em trabalho de parto ativo, com contrações regulares de minuto em minuto”, conta a cantora Ana Ariel, de 26 anos.

Parece muito sofrimento? Pois Ana afirma que foi exatamente o contrário: um alívio. “Pude depois de duas horas já tomar meu banho, no nosso banheiro, deitar na nossa cama, na nossa casa. E comer o merecido prato especial do maridão”, conta.

Ela não é a única. “Só de pensar que minha filha poderia ficar em observação quatro horas longe de mim me dava arrepios”, afirma a professora de yoga Fabiana Higa. “Em nenhum momento me passou pela cabeça ir para o hospital. Mesmo nas piores dores”, diz Fabiana que deu à luz em sua nova casa, que não tinha sido nem montada, nem tinha energia elétrica. Por pouco, a filha não nasceu no hotel. “Luana nasceu no aconchego dos braços dos pais”, conta ela

“Pode parecer meio doida toda a história, mas foi sensata do ponto de vista da natureza. Parir é um ato fisiológico extremamente natural da mulher”, diz Fabiana. A arquiteta Fernanda Passos, de 29 anos, concorda. “O nascer de um filho já é um evento único na vida de uma mulher e participar ativamente desse processo é incrível”, afirma ela, que no começo da gravidez nem considerava a possibilidade de parir em casa. “Me faltava coragem”, admite Fernanda.

A decisão só ocorreu após uma pedra no rim. “Fiquei cinco dias internada no hospital que eu teria minha filha. Queria fugir de todos aqueles procedimentos dos hospitais, da burocracia e das regrinhas ditadas por enfermeiras”, conta a arquiteta. “Logo que saí, falei para meu marido que não queria colocar meus pés lá nunca mais, que não conseguia me ver parindo naquele lugar”, avisou Fernanda.

Foi quando ela começou a primeira parte da “batalha” que as mães que querem ter seus filhos em casa enfrentam. Round 1: o marido. “Ele já foi logo dizendo: ‘não inventa!’", conta Fernanda. “Ele dizia que queria estar cercado de tecnologia, que se sentiria mais seguro.”

A discussão só foi vencida com o tempo. Em vez de brigar, Fernanda passou a contar relatos de partos domiciliares, informava dados sobre o assunto e levou o marido para um curso de preparação para o parto. “No curso ele percebeu o quão simples é nascer, tomou conhecimento da importância da mulher se sentir segura e a vontade para parir”, conta a arquiteta. “No segundo dia do curso, ele disse: ‘se você quer mesmo ter nossa filha em casa é melhor mandar arrumar o aquecedor’”.

Pacientes x Médicos

Depois de convencer o marido, vem a segunda parte: o médico. Fernanda abriu o jogo com sua ginecologista e teve o apoio dela. Na hora do parto, a médica foi até sua casa e fez o parto. Fernanda Higa também contou com o apoio do obstetra. “O médico deixou a decisão nas nossas mãos. Claro, ele alertou, mas a palavra final foi nossa. Ele respeitou o meu desejo.”

Mas isso é raro. Ana Ariel conversou com sua médica e a profissional concordou em limitar a intervenção médica ao mínimo possível – desde que o parto fosse no hospital. A cantora apresentava risco de parto prematuro, mas mesmo assim não abriu mão de parir em casa. O parto ocorreu apenas com o marido e uma parteira.

Grávida de 22 semanas, a terapeuta ocupacional Carla Arruda, de 25 anos, nem pretende informar seu médico da decisão de ter seu filho, Henrique, em casa. “Há muito preconceito e me expôr a um médico que não acredita no parto domiciliar só me traria desgaste. Faço apenas o pré-natal com esse médico para ter referência em meu hospital caso necessite ser internada ou algo de errado aconteça na minha gestação”, conta ela.

Leia o restante do artigo aqui.

A foto é do parto domiciliar de minha filha, ocorrido em outubro de 2004. Depois que o bebê nasce, a gente esquece de toda a dor. Basta olhar para meu grande sorriso com minha filha nos braços, logo após seu nascimento. Um parto de cócoras, sem drogas, sem intervenções, totalmente natural e extremamente empoderador.


5 comentários:

Ana Paula - Journal de Béatrice disse...

Carla!!
Muito interessante a matéria! Eu acredito que o parto domiciliar, aos poucos, pode ser visto com bons olhos. É cada vez mais crescente o número de mulheres que optam por isso e acho que vai além do ato de ser corajosa, é também, pensar no seu bem estar e no do bebê. O aconchego do lar e dar a luz em um dos cômodos deve ser emocionante. Imagino que deva reinar uma paz, uma alegria sem tamanho, a casa fica iluminada. Este assunto tem que ser visto como uma das opções das mães terem os seus filhos e deixar de ser visto como algo "anormal". Deve-se tratar o assunto com a seriedade que merece, seja em reportagens, livros, revistas, debates e tv. Eu sempre bato na mesma tecla: só tem medo do parto normal, seja com ou sem anestesia, no hospital ou em casa, quem não tem informação o suficiente.
Ah, a sua foto está linda! Quanta serenidade!! E cadê a dor!!?
Beijos e bom feriado de Pascoa!!

Max Coutinho disse...

Oi Carla!

Apoiado!

Odeio hospital, tem más vibrações; e toda aquela gente a andar para trás e para a frente a tocar-te a toda a hora...não, não, não!
Já para não falar no cheiro, não consigo dormir, nem relaxar, num sítio como aquele.

Claro que os médicos preferem fazer partos no hospital: ganham mais (porque a tecnologia também serve para justificar aquilo que cobram às companhias de seguro, ao estado e aos utentes).

Muito bom artigo! Amei a foto: dá para ver a tua felicidade!

Beijos

Anônimo disse...

Carla, falar em parto domiciliar, não quer dizer, ter o bebê em casa sozinha sem assistência médica. Acho complicado não ter um centro de emergências perto, afinal, vemos até mesmo quem está dentro de um hospital, ter complicações no parto. No meu caso, se tivesse feito o parto em casa, acredito que teria morrido. Tive complicações imprevistas e sérias, já que a gravidez do início ao fim, ocorreu de maneira satisfatória e que se não fossem o socorro imediato, uma tragédia tinha se instalado.
Lembro que quando era criança, a maioria dos partos eram feitos em casa e a mulher só era levada para o hospital quando algo de grave acontecia. Minha mãe teve todos os filhos em casa, todos parto normal e mais, o primeiro filho da minha mãe, ela tinha 38 anos.
De lá pra cá, as pessoas se acomodaram e por isso, pelo medo da dor e facilidades, as anestesias são usadas indiscriminadamente e sabemos o quao fazem mal aos bebês.
Bom fim de semana! Beijus

Valdemir Reis disse...

Olá Carla, estou visitando este espaço maravilhoso! Parabéns pelo excelente trabalho mostrado aqui. Excelente suas publicações, uma grande contribuição. Feliz e honrado por sua amizade. Acredito; aquele que caminha sozinho pode até chegar mais rápido... Porém quem segue acompanhado de um amigo com certeza vai mais longe... Espero sua visita! Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Votos de uma semana recheada de sucesso, muita paz, saúde, brilho, bênçãos, proteção e alegria. Fique com Deus. Um abraço fraterno.
Valdemir Reis

Francine disse...

Minha mãe, qdo teve seu primeiro filho, não pode contar com as tecnologias e sentiu TODAS as dores do parto, não por escolha, mas por ser o único jeito...
Ela me conta que logo após o nascimento do meu irmão ela disse em alto e bom som 'nunca mais vou ter outro filho'. Depois dele, veio mais um menino e depois eu.
Ela disse que esqueceu da dor assim que pegou meu irmão no colo.

Mãe é mãe mesmo! Rs

Um beijo