segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Memórias de um Ex-cesarista



Recebi este excelente texto de autoria da Dydy, cuja parte inicial eu transcrevo aqui. Vale a pena ler!


Memórias de um Ex-cesarista


Antes eu era um obstetra normal. Era chamado para as festas corporativas de final de ano, dormia a noite inteira e raramente recebia ligações de gestantes nos feriados. E se acontecesse, eu ligava para um colega de plantão e ele operava pra mim.Tinha uma vida social e ia a todos os compromissos pré-agendados, inclusive minhas cesáreas. Tudo pontualmente.


Foi quando conheci a Clara, uma enfermeira recém formada em obstetrícia, contratada para humanizar o parto numa das maternidades em que eu operava. Essas “pressões do governo para reduzir cesárea, sabe como é. Pensei que fosse só pra constar. Afinal, eu já tinha uma postura muito humanizada, oras. Entre a extração do bebê e a seção de tubos nasais da pediatra, eu mostrava a criança rapidamente para a mãe, que ficava emocionada. Mas a pediatra precisava fazer o trabalho dela e isso era o prioritário naquele momento. A mãe teria o resto da vida para curtir. Uma noite sem ele, não mudaria nada.


Enfim, esta Enfermeira começou a conversar com as gestantes que chegavam antes de eu chegar, até que um dia, as peguei numa posição constrangedora: ela e a “mãezinha” de cócoras! Até então só tinha visto tamanha acrobacia em filmes eróticos muitos selecionados. Peguei a doente e operei antes que acontecesse algo pior.


Um dia quando fui ao hospital após a ligação de uma paciente “pós-termo” (40 semanas) e, enquanto me paramentava, escutei um gemido suave e um choro de bebê. Corremos para salvá-los, mas já era tarde. O feto nasceu de um parto completamente “contaminado”. E por sorte, ficaram bem, e tiveram alta após uma semana de nosso ritual de descontaminação. Fizemos o que pudemos: antibióticos, desinfecção. Nunca cheirei tanto éter na vida....


Por pouco não cai no chão. Nas mãos de uma enfermeira que dizia “Acostume-se, ‘doutor’, no futuro os partos serão assim...” O que ela sabia sobre futuro com estas práticas retrogradas? Foi muito traumatizante pra mim, mas pelo menos, ambos sobreviveram.


Para ler o final da história, clique aqui. :-)

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