Hoje, na volta do almoço, meus colegas e eu vínhamos discutindo o caso da menina Isabella. Eles estavam comentando sobre o pai e a madrasta da menina e julgavam que a última poderia ter sufocado ou estrangulado a menina em um momento de raiva durante uma briga. Eu comentei com eles que achava tão difícil isso acontecer, pois eu própria já fui madrasta e sentia o peso da responsabilidade de ter crianças que não eram meus filhos sob meus cuidados. Eu ficava ansiosa e só voltava a respirar tranqüilamente, quando devolvia as crianças à sua mãe. Imagina se algo acontecesse com um deles, enquanto estivesse sob meus cuidados? O que dizer à mãe dessa criança?
Em 1998, eu namorava um rapaz que tinha um menino. Na Páscoa daquele ano, fomos passar o feriadão em Florianópolis, com um casal e seu filho. Meu namorado teve que voltar antes para Porto Alegre, pois ele tinha um trabalho para entregar e queria terminá-lo antes do término do feriado. Ele me deixou lá com o casal amigo e os meninos. Antes de sair, ele me disse:
- Deixo contigo o bem mais precioso que eu tenho: meu filho.
- Pode deixar, que cuidarei bem dele - respondi eu.
Voltamos de carro com esse casal amigo, à noite, na perigosa BR 101, de volta para Porto Alegre. Como eu estava de carona, eles foram se revezando no volante. Ela, especialmente, dirigia muito rápido e fazia ultrapassagens um tanto imprudentes. Os meninos dormiam no banco de trás a meu lado e eu passei a viagem toda preocupada, cuidando do filho de meu namorado, com receio que algum acidente pudesse acontecer. Chegamos em Porto Alegre de madrugada e eu só sosseguei, quando entreguei o menino nas mãos de meu namorado. Somente depois disso é que relaxei e respirei aliviada. Tinha dado conta do recado e entregado a criança inteira de volta a seu pai.
Dois anos mais tarde, já casada com que hoje é meu ex-marido, recebíamos as visitas de seus filhos, de seu casamento anterior. Eles eram pequenos na época e eu ainda não tinha os meus próprios. Lembro que eu também ficava tensa, quando eles passavam o fim de semana conosco, pois nos davam bastante trabalho: a gente dava banho, vestia, dava de comer, botava para dormir. Na hora de atravessar a rua, a atenção era redobrada. Eu apertava forte a mãozinha do menino, que era menor e muito desatento. Eu pensava sempre: "Deus me livre que aconteça algo com estas crianças! O que direi à mãe deles?". Acho que é algo involuntário, pois minha filha de 3 anos me pergunta sempre: "Mãe, por que sempre apertas minha mão, quando andamos na rua?". Eu acabo apertando a mãozinha dela com mais força, cada vez que temos que atravessar a rua. Na dúvida, prefiro pecar por excesso do que falta de cuidado.
Comentei ligeiramente isso com meus colegas, mas eles disseram:
- Carla, essa é tu, teu jeito de ser. Outras pessoas não se importam em cuidar dos filhos dos outros, não estão nem aí.
Será que é assim? Eu penso que quando entrego meus filhos na escola, que eles estarão sendo bem cuidados, até o momento de ir buscá-los. Cuidar dos filhos dos outros é uma grande responsabilidade. Assim como eu cuido bem de meus filhos, quero que eles sejam bem cuidados, quando estão sob a responsabilidade temporária de terceiros. Quando um amiguinho vem à minha casa brincar com meu filho, eu o trato bem, como trato de meu filho. Sei que aquela mãe confiou seu filho a meus cuidados e que devo devolvê-lo da mesma maneira com que chegou à minha casa: íntegro.
Por isso, fico muito pensando no caso da menina Isabella, como seu pai e a madrasta se sentem, uma vez que a menina estava sob sua responsabilidade e a criança morreu. Imagino a dor dessa mãe, que entregou sua filha viva e íntegra, para passar o fim de semana com o pai e lhe devolvem a criança morta. Não tenho opinião formada sobre o assunto: não acuso o pai e a madrasta de serem os autores do crime, porque só sei o que vejo na mídia. Mas fico pensando: eles foram negligentes, ao permitir que a criança morresse, quando estava sob sua responsabilidade. Eu sei, acidentes acontecem, mas neste caso, é difícil supor que foi um mero acidente. Quem é o culpado? Não sei. Só sei a dor que ficou para essa mãe e eu me solidarizo, como mãe que também sou.
Em 1998, eu namorava um rapaz que tinha um menino. Na Páscoa daquele ano, fomos passar o feriadão em Florianópolis, com um casal e seu filho. Meu namorado teve que voltar antes para Porto Alegre, pois ele tinha um trabalho para entregar e queria terminá-lo antes do término do feriado. Ele me deixou lá com o casal amigo e os meninos. Antes de sair, ele me disse:
- Deixo contigo o bem mais precioso que eu tenho: meu filho.
- Pode deixar, que cuidarei bem dele - respondi eu.
Voltamos de carro com esse casal amigo, à noite, na perigosa BR 101, de volta para Porto Alegre. Como eu estava de carona, eles foram se revezando no volante. Ela, especialmente, dirigia muito rápido e fazia ultrapassagens um tanto imprudentes. Os meninos dormiam no banco de trás a meu lado e eu passei a viagem toda preocupada, cuidando do filho de meu namorado, com receio que algum acidente pudesse acontecer. Chegamos em Porto Alegre de madrugada e eu só sosseguei, quando entreguei o menino nas mãos de meu namorado. Somente depois disso é que relaxei e respirei aliviada. Tinha dado conta do recado e entregado a criança inteira de volta a seu pai.
Dois anos mais tarde, já casada com que hoje é meu ex-marido, recebíamos as visitas de seus filhos, de seu casamento anterior. Eles eram pequenos na época e eu ainda não tinha os meus próprios. Lembro que eu também ficava tensa, quando eles passavam o fim de semana conosco, pois nos davam bastante trabalho: a gente dava banho, vestia, dava de comer, botava para dormir. Na hora de atravessar a rua, a atenção era redobrada. Eu apertava forte a mãozinha do menino, que era menor e muito desatento. Eu pensava sempre: "Deus me livre que aconteça algo com estas crianças! O que direi à mãe deles?". Acho que é algo involuntário, pois minha filha de 3 anos me pergunta sempre: "Mãe, por que sempre apertas minha mão, quando andamos na rua?". Eu acabo apertando a mãozinha dela com mais força, cada vez que temos que atravessar a rua. Na dúvida, prefiro pecar por excesso do que falta de cuidado.
Comentei ligeiramente isso com meus colegas, mas eles disseram:
- Carla, essa é tu, teu jeito de ser. Outras pessoas não se importam em cuidar dos filhos dos outros, não estão nem aí.
Será que é assim? Eu penso que quando entrego meus filhos na escola, que eles estarão sendo bem cuidados, até o momento de ir buscá-los. Cuidar dos filhos dos outros é uma grande responsabilidade. Assim como eu cuido bem de meus filhos, quero que eles sejam bem cuidados, quando estão sob a responsabilidade temporária de terceiros. Quando um amiguinho vem à minha casa brincar com meu filho, eu o trato bem, como trato de meu filho. Sei que aquela mãe confiou seu filho a meus cuidados e que devo devolvê-lo da mesma maneira com que chegou à minha casa: íntegro.
Por isso, fico muito pensando no caso da menina Isabella, como seu pai e a madrasta se sentem, uma vez que a menina estava sob sua responsabilidade e a criança morreu. Imagino a dor dessa mãe, que entregou sua filha viva e íntegra, para passar o fim de semana com o pai e lhe devolvem a criança morta. Não tenho opinião formada sobre o assunto: não acuso o pai e a madrasta de serem os autores do crime, porque só sei o que vejo na mídia. Mas fico pensando: eles foram negligentes, ao permitir que a criança morresse, quando estava sob sua responsabilidade. Eu sei, acidentes acontecem, mas neste caso, é difícil supor que foi um mero acidente. Quem é o culpado? Não sei. Só sei a dor que ficou para essa mãe e eu me solidarizo, como mãe que também sou.
Um comentário:
Eu concordo com você, Carla!
Eu sinto esse peso quando meu enteado está com a gente. Mas também é algo que tiramos de letra porque ele é um menino muito legal , mesmo!
O assassinato da Isabela foi uma barbaridade, nem sei o que pensar, por isso não penso nada ainda...prefiro aguardar....
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