Na semana retrasada, descobri um blog delicioso, com algo de trágico e cômico na história. O nome do blog é "Ciega a Citas" (que traduzindo para o Português, ficaria "Escuras às Encontro", o inverso de "Encontro às Escuras" ou "Cita a Ciegas", no original). Ele é escrito por uma jornalista argentina, ela tem 30 anos, é solteira e vive sozinha em Buenos Aires.
A irmã mais nova dela marcou casamento para dali a nove meses e a mãe dela apostou que ela vai ir sozinha e deprimida como sempre. Tão segura a mãe está disso, que apostou com a irmã que se ela levar um namorado de verdade, paga a festa de casamento da filha. Assim começou o blog, contando as aventuras dela encontro em encontro, procurando por um namorado de verdade para fazer a mãe pagar a festa de casamento da irmã. E assim ela tem esse desafio: 258 dias para encontrar um namorado normal. O blog está em Espanhol e tem tons e já me garantiu boas risadas e algumas lágrimas com suas desventuras. Uma boa pedida para quem estuda Espanhol (viu, Socorro?).
Eu me identifico com a autora do blog em algumas partes, já que me casei depois dos 30 e tive que ouvir muito a frase: "E aí, Carla? Cadê o namorado?" por parte de amigas de minha mãe, tias, primas, etc. Minhas duas primas casaram aos 18 anos e já eram mães aos 19 anos, por isso cobravam de minha mãe: "Tia, quando é que a Carla vai arrumar um namorado e casar? Já tá passando da hora!". Elas brincavam com meu pai: "Tio, vê se maltrata um pouco a Carla e o Fabio (meu irmão), para que eles saiam logo de casa? Os dois já estão com 30 anos e continuam morando com vocês!". Tudo bem que uma delas casou grávida ... Tudo bem que minha meia-irmã casou grávida ... Tudo bem que a namorada de meu primo casou grávida ... Tudo bem que minha outra prima casou grávida ... Mesmo assim, elas ainda faziam troça de mim: "Vê se arranja um namorado para casar e ter filhos e a tia poder ser avó logo, tadinha!". E eu casei aos 31 anos e não estava grávida. O detalhe engraçado: meu irmão saiu de casa em abril e eu em maio do mesmo ano. De uma hora para outra, minha mãe ficou sem nenhum dos dois filhos em casa, depois de mais de 30 anos.
No blog, a jornalista argentina identificada apenas pelas letras "LG" questiona: "Sou eu a loser porque prefiro ficar sozinha antes do que ficar com qualquer cara? Ou serão as demais, que saem com qualquer imbecil para não ficar sozinhas?".
Por que não respeitam a opção da mulher de estar solteira - até mesmo por falta de opção? Não existe o ditado muito sábio: "Antes só do que mal acompanhada!"? Parece que todo mundo cobra da gente a obrigação de ter um homem do lado, transformando o ditado em "Antes mal acompanhada do que só!!!!". Na minha condição atual, divorciada, com dois filhos pequenos para criar, prefiro estar só do que com qualquer cara do meu lado. Eu estou bem sozinha - claro que sinto falta de alguém do meu lado, mas prefiro passar o tempo comigo mesma do que ter um loser do meu lado.
Já fui noiva, já fui casada, já sofri por um amor platônico e também por um amor impossível. Já tive namorado lindo, gordo, atlético, poeta, deprimido, playboy, neurótico, judeu e o que está sempre em busca da futura ex-Sra. XXXX. Cada adjetivo listado foi um relacionamento real em minha vida. Alguns duraram mais tempo, outros pouco. Meu ex-noivo foi a pessoa que mais me magoou no mundo e meu ex-marido foi o que me deu meus dois filhos lindos. De todos os outros, o único que lembro com ternura é o poeta - doce, romântico, sensível e meu amigo até hoje. Do resto, perdi o contato com o tempo. Alguns, prefiro nunca mais encontrar nesta vida.
Mas, voltando ao tema do blog: já sofri muita discriminação por ser solteira e sem namorado. Lembro de alguns episódios que me marcaram bastante (e que me deram muita raiva também!):
Episódio 1:
Uma amiga da turma, muito jovem, casou grávida do namorado. Estamos conversando, ela com o barrigão enorme prestes a parir.
Ela: E aí, ainda continuas?
Eu: Continua o que?
Ela: Encalhada!!! Ahahahahahahahahahahahaha!!!
Eu: Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr! (Pensando em responder: "Casar grávida é melhor do que ficar encalhada então?" Mas como sou educada, não falei nada, fiquei quieta mesmo com minha raiva)
Episódio 2:
Sabe aquela guria chata da turma, que vive se metendo nos programas, que ninguém chama ela, mas ela vem mesmo assim? Pois é ... não é que ela começou a namorar um cara super legal da turma, noivou e casou com ele? Eles foram a meu aniversário há alguns anos atrás e ela perguntou:
Ela: Que idade estás fazendo mesmo?
Eu: 27!
Ela: Com tua idade, eu já estava casada!
Eu: Grrrrrrrrrrrrrrrr! (Morrendo de vontade de pular no pescoço dela e esganá-la. Por acaso ela é melhor do que eu, só porque está casada?)
Episódio 3:
Tinha um conhecido muito chato que sempre que me via, perguntava: "E o gato?!" e eu sempre tinha que responder sem graça: "Não tenho namorado ...". Pois bem, quando comecei a namorar o R., meu ex-noivo, fui ao escritório onde o tal chatinho trabalhava para ver uma amiga e ele foi logo perguntando:
Ele: "E o gato?!"
Eu: "Vai bem, obrigada!!!!!!!!!!"
Ele: "O quêêêêêêêêêê? Tá namorandoooooooo?", respondeu, de queixo caído
Eu tinha que ter registrado o momento com uma foto, tal foi a cara de surpresa dele. O que ele pensou? Que eu nunca ia arranjar namorado? Babaca ...
Esta semana tenho pensado muito em uma amiga muito querida, que irei chamar de Lúcia (nome fictício). Ela é solteira, 30 e poucos anos, tem curso superior completo e mora sozinha há vários anos. Ela é muito especial para mim, pois ela é aquela amiga que nunca esquece de meu aniversário, que sempre liga para saber como estou, que vibrou quando eu casei, quando tive filho, etc. Ela teve um único namorado firme em toda a sua vida, por isso, fiquei surpresa quando, há poucos dias, me convidou para seu chá de panela e para seu casamento em breve. Ela havia me dito recentemente que estava namorando, mas eu não sabia que o negócio estava tão sério assim. Confesso que a primeira coisa que pensei com o convite de casamento dela foi: ela deve estar grávida, para casar tão rápido assim.
Ainda não conheci o noivo pessoalmente, que tem 51 anos, é solteiro, sem filhos e mora ... com a mãe. Ao perguntar para ela onde iriam morar, ela respondeu: "Ainda não sabemos, estamos vendo...". Como assim? A primeira coisa que a gente vê quando vai casar é onde vai morar, pois como diz o ditado: "Quem casa quer casa".
Eu: Como assim? Não sabem ainda onde vão morar?
Ela: É que ele está arrumando o telhado da casa dele ...
Eu: Mas ele mora sozinho?
Ela: Não, ele mora com a mãe dele e a cuida, pois ela tem a doença tal.
Eu: Ah ...
Que roubada! E quando eu ia puxá-la em um canto para conversar e aconselhá-la sobre o casamento tão rápido, ela me mostrou umas fotos. Eram do casamento civil!
Eu: Lúcia? Como assim? Você já casou no civil?!
Ela: É, ele quis casar logo ...
Eu: Hummmm ... - Melhor ficar quieta - pensei eu - já que o estrago já foi feito.
Moral da história: estou muito preocupada com minha amiga, que entrou de cabeça em um casamento muito rápido, não sabe ainda onde vai morar e já com uma sogra problemática. Vejo nuvens negras em seu horizonte.
E aí volta aquela pergunta: Ficar solteira ou casar a qualquer custo?
5 comentários:
Estava inspirada qdo fez o post!!!
Concordo com você. A mulher se cobra muito em não ficar encalhada. Qdo uma mulher é mal-humorada diz-se logo "é mal-amada", como se marido e sexo fossem sinônimos e como se isso resolvesse os problemas do mundo.
Ter alguém do lado é bom, mas quando esse alguém completa, acrescenta, faz feliz. Casar por casar, namorar por namorar, não faz sentido.
Parabéns pelo Post.Muito bem escrito.Para aturar mala e problema é melhor ficar sózinha. Acho a mulher muito mais centrada, muito mais cabeça do que muitos homens.Têm post novo lá no Compartilhando as Letras.Apareça por lá, sua visitinha muito me alegra.Beijinhos.
Adorei os bonequinhos do bolo! Se eu casar novamente, acho que vou usar estes,rsss...
Não li todo o post, pois, como sempre estou correndo, logo que tiver um tempinho, volto para ler tudo, adorei a parte que li.
Passei para dizer que tem uma lembrancinha para você lá "na minha casa".
Beijão!
Aaaaaiiiihhhh, seu assim. Fiquei um pouco mais de um ano sem ninguém e entrei em desespero....
Claro que eu nunca casaria por isso. Mas não sei, não curto ficar só.
Não aguento essas cobranças, Carla!
Vc acredita que no dia do meu casamento, na festa, um mané pediu pra falar e disse que se até a mulher dele tinha conseguido fisgá-lo, por que não eu também. Não é o fim?!
E casamento não é sinônimo de felicidade!
beijão
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