Hoje é um dia histórico: foi eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América. Eu não costumo falar de eleições e política no blog, mas não poderia ficar indiferente a esta eleição americana. Depois de ver um homem do povo, trabalhador, assumir a presidência do Brasil e um índio, na Venezuela, agora vejo um negro assumindo a presidência daquele que já foi o país mais poderoso do mundo.
Não sou fã ardorosa dos Estados Unidos, mas tampouco sou anti-americana. É bem verdade que adoro os seriados americanos e prefiro a televisão deles à nossa, mas também sei que há muita coisa que não presta por lá. É reter o que é bom e descartar o que é ruim. Da mesma maneira, sei que nem todos os americanos são cegos e arrogantes, pois já estive lá e conheci muitas pessoas que gostavam de confraternizar com estrangeiros e eram extremamente agradáveis e gentis. Infelizmente, eram a minoria, pois a maioria costuma ignorar solenemente quem não é de seu país.
Em janeiro de 1996, eu fui a New York estudar inglês no ELS Language Center e fiquei hospedada no Wagner College, em Staten Island, no dormitório dos estudantes, Harbor View Hall, um imponente edifício de 14 andares. Os três primeiros andares eram para uso exclusivo dos estudantes estrangeiros e os restantes, para os estudantes regulares, americanos, do College. Compartilhávamos o mesmo refeitório e os estudantes americanos nos ignoravam solenemente, os únicos que conversavam conosco eram os que faziam algum estágio ou trabalho no ELS.
Após minha estada de 4 semanas em New York, viajei para New Hampshire, indo de trem até Boston, onde meu amigo me buscou e levou para sua casa. Fiquei hospedada com ele e sua família e dormi no quarto de sua filha caçula, que tinha 15 anos. A cidadezinha que morava era Center Harbor, a aproximadamente uma hora de Concord, a capital de New Hampshire. (Nessa cidade foi filmado "Num Lago Dourado", com Henry e Jane Fonda e Katherine Hepburn). As pessoas eram extremamente corteses e educadas e notei que praticamente não haviam negros por lá, diferentemente de New York. Como eu era hóspede de "Mr. and Mrs. Holly", eu nunca saberei se as pessoas me tratavam bem por serem assim mesmo ou porque eu era hóspede dos Holly. De qualquer maneira, tive uma excelente impressão de New Hampshire, o estado das pontes cobertas e das corridas de cachorro na neve.
Eu tive uma breve experiência do "American Life Style" e muitos brasileiros me perguntavam porque é que eu não ficava por lá, ilegal mesmo. Eu respondia que não. Eu consegui meus visto de estudante e turista legalmente e queria sair legalmente do país. Meu objetivo não era ir e ficar lá ilegalmente. Eu não queria ser uma "cucaracha". Se eu tiver que morar um dia lá, que seja de maneira legal. Mas confesso que não tenho muita vontade de passar o resto da minha vida nesse país. Gostaria de morar por alguns anos, mas não para sempre.
Em 2001, tive a oportunidade de ir morar e trabalhar legalmente nos EUA por um período de três anos, mas estava casada na época e meu ex-marido não quis arriscar a largar tudo e ir para lá, pois o visto de trabalho seria válido somente para mim, não para ele. Ele teria que ir com visto de "cônjuge" e não poderia trabalhar legalmente lá. Hoje, olho para trás e penso na oportunidade perdida, mas o caso é que na época eu teria que decidir tudo em menos de duas semanas e preferi declinar a oferta. Se me oferecessem essa oportunidade hoje, eu iria sim. E levaria meus filhos junto comigo, é claro. Seria muito bom para eles viver no estrangeiro por um tempo, pois iriam adquirir muita experiência de vida e visão de mundo. Mas essa experiência teria que ser temporária, não definitiva.
Enfim, gostei ir e conhecer os Estados Unidos, mas não é meu sonho morar lá em definitivo. E que Deus abençoe Barack Obama e que ele tenha sabedoria ao dirigir a América.